Será que existe amor não correspondido?
E se o que chamamos de amor for apenas saudade de um carinho que nunca veio?
Você já amou alguém que sequer sabia da sua existência? Já sentiu o coração acelerar por alguém que nunca te olhou como você gostaria? Quando isso acontece, muitos chamam de amor não correspondido. Mas será mesmo amor... ou seria outra coisa?
Amor é palavra grande. Envolve presença, troca, construção. Não se trata de apenas uma paixão, algo intenso, mas que se acaba com o tempo. Amor é algo profundo, e às vezes, difícil de lidar. Mas e quando só um sente? Quando só um espera, sonha, sofre? Será que isso ainda pode ser chamado de amor?
Ao longo da vida, idealizamos pessoas. Vemos nelas o que queremos ver, criamos cenas que nunca aconteceram, vivemos histórias que só existem dentro da nossa cabeça. E, muitas vezes, confundimos esse roteiro com amor. Não por mal. Mas porque amar é, também, uma forma de esperança. O problema é quando essa esperança vira prisão.
Toda aquela admiração que sentimos por alguém a ponto de se tornar uma obsessão, a ponto de ver mais defeitos naquela pessoa, de não ver que ela não sente o mesmo por você, e é interessante que sempre há uma desculpa para justificar as atitudes da pessoa, e estamos constantemente alimentando uma esperança de que “algum dia” as coisas vão mudar, que enfim aquela pessoa irá te amar, mas isso é uma auto sabotagem. Só estamos nos enganando. Às vezes, as coisas estão mais que claras na nossa frente, mas para muitos é difícil aceitar isso.
Talvez o que sentimos não seja exatamente amor, mas desejo de ser amado. Vontade de preencher um vazio com o outro. Dor de não ser suficiente, de não ser visto, de não ser escolhido. E isso diz mais sobre nós do que sobre o outro. E infelizmente não será uma pessoa que irá preencher esse vazio em nós.
Porque o amor, aquele que faz crescer, não é um sentimento solitário. Ele se reconhece no olhar do outro, floresce no toque, se constrói no dia a dia. Amor não mora onde só um tenta. Amor não resiste sozinho. É uma via de mão dupla.
Mas então, o que é esse sentimento que insiste em doer quando não é recíproco? Talvez seja uma mistura de afeto, carência, ego ferido e ilusão. Uma fantasia que criamos na esperança de sermos salvos por alguém, quando, na verdade, a salvação começa dentro da gente.
O que chamamos de amor não correspondido pode até existir. Mas será que merece ser alimentado?
Às vezes, é preciso deixar ir não só a pessoa, mas a ideia dela. Reconhecer que o que nos prende não é o outro, e sim tudo o que projetamos nele. Porque o amor, o verdadeiro, não machuca assim. Ele acolhe, expande, transforma. Ele vem de volta.
E quando não vem, talvez seja hora de se amar mais do que se deseja ser amado.
Nunca tinha parado pra pensar dessa forma, achei ótimo seu texto 🤍
ótimo texto 💖