Por que nós mulheres insistimos em quem não nos quer?
Talvez não seja amor. Talvez seja só o hábito de correr atrás do que nos escapa.
Existe uma inquietação silenciosa que acompanha muitas mulheres: o fascínio pelo homem que não está disponível. Aquele que responde pouco, demonstra quase nada, mas por algum motivo, parece carregar um magnetismo que gruda na pele da autoestima como um desafio. Enquanto isso, o afeto genuíno, presente, que vem de alguém que enxerga e valoriza, é muitas vezes descartado, deixado de lado como algo “sem graça”, “bom demais pra ser verdade” ou “sem emoção”.
Mas por quê?
A resposta talvez esteja em nós mesmas. Em camadas invisíveis que carregamos desde a adolescência, desde os filmes que assistimos, desde o primeiro fora. É como se o amor só fosse verdadeiro se viesse acompanhado de incerteza. Como se precisássemos sofrer um pouco para sentir que estamos vivas.
No filme 500 Dias com Ela, Tom se apaixona perdidamente por Summer, uma mulher que desde o início deixa claro que não está procurando um relacionamento. Ele, no entanto, se agarra a cada gesto mínimo como se fosse uma promessa. No fim, o que temos não é um final romântico, mas um retrato fiel do que acontece quando idealizamos alguém que nunca esteve realmente disposto a nos escolher.
Muitas vezes, o que nos prende ao homem indiferente não é ele, mas o que ele representa: a chance de sermos validadas. Porque, se conseguirmos fazê-lo gostar de nós, isso prova que somos suficientes. Que somos boas o bastante. E nesse jogo de ego e expectativa, a gente esquece o mais importante: o amor não precisa ser provado, apenas vivido.
Por outro lado, quando alguém nos oferece amor sem rodeios, sem joguinhos, nossa primeira reação pode ser o estranhamento. Porque fomos ensinadas a duvidar do que é fácil. Como se facilidade fosse sinônimo de superficialidade. Como se a dor garantisse profundidade.
Mas a verdade é outra. Amor de verdade é leve. É claro. É presença. E quando aprendemos a amar a nós mesmas, essa história muda. A gente para de confundir afeto com emoção barata, e começa a se abrir para relações onde somos vistas, ouvidas e escolhidas, sem precisar mendigar migalhas de atenção.
Porque no fundo, o que a gente quer não é alguém que nos ignore só pra nos manter interessadas.
O que a gente realmente quer e merece, é alguém que nos veja de verdade.
E que fique. Independente de como somos. Isso é amor.
Faz sentido. Traz a sensação de que ganhamos, que lutamos por aquilo, que é real.